20/12/2012 20h14 - Atualizado em 21/12/2012 12h59
Mãe diz que não tem condições de fazer regime indicado pelos médicos.
Jovem perdeu sete quilos e não quer fazer cirurgia.

filho (Foto: Berna Farias/Ascom HGRS)
"Ele veio de ambulância, está bem, não teve crise nenhuma. A perna continua quebrada. Agora ele precisa de cardeira de rodas e uma cama de hospital. Até agora ele emagreceu muito pouco, mais ou menos 7 kg. Ele não gosta da ideia da cirurgia. Agora ele vai tomar medicação e retornar em junho. Os médicos passaram uma dieta para ele, mas a minha dificuldade é de não ter um verba para poder ajudar porque a comida é toda integral", disse.
O caso
Francisco Júnior foi para o hospital no dia 22 de novembro. Ele saiu da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e foi transferido para um quarto do Hospital Roberto Santos no dia 3 de novembro. De acordo com a assessoria de imprensa da unidade de saúde, o jovem já está curado das infecções que apresentava quando deu entrada no hospital e, por isso, dará continuidade ao tratamento contra obesidade em casa.
O jovem sofre da síndrome Prader-Willi, que gera apetite excessivo. No dia 30 de novembro, Osmário Salles, chefe do setor de endocrinologia do Hospital Geral Roberto Santos, disse que o jovem teria que colocar um balão intragástrico antes de ser submetido a uma cirurgia bariátrica, de redução de estômago. No entanto, por medo, o jovem se recusa a colocar o balão.
"Ele não quer colocar o balão. Então, o médico deu tempo para ele retornar para o interior e, em maio, tentar de novo", relata a mãe do jovem. Ela acrescenta que Francisco Júnior perdeu muito peso desde que deu entrada no hospital, mas, como não há balança que o suporte, ainda não há precisão do peso atual.
Mãe relata dificuldades
Maria Aurizete lamenta não ter alguns equipamentos para dar continuidade ao tratamento contra obesidade em Serrinha, onde mora com o filho obeso, uma filha especial e o marido. Ela conta que não possui cadeira de rodas e não tem condições de comprar produtos necessários para a dieta de Francisco Júnior. "Ele tem que ter acompanhamento para o resto da vida, mas nós precisamos de muita coisa. Ele precisa de cadeira de rodas, cremes, lençol. E eu não tenho nada disso. Ele vai voltar para lá [Serrinha] sem nada".
Por isso, enquanto aguarda a alta médica do filho, Maria Aurizete passou a dormir na casa de uma amiga, localizada nas proximidades do hospital. "Eu pegava dois ônibus, mas não tenho mais como ficar gastando porque até o momento não tive ajuda. Eu vendi tudo para cuidar dele”, relatou Maria Aurizete, que trabalhava como vendedora de roupas.
Apesar de ter tido sete filhos, apenas dois deles moram com Maria Aurizete: Francisco Júnior e uma menina de 16 anos, que possui síndrome de down, segundo conta. “Tem 16 anos e não conversa, fica calada, só faz chorar. Não toma banho só, não se cuida. Quem está cuidando dela agora que eu estou aqui [em Salvadorx] é minha irmã”, apontou.

(Foto: Ruan Melo/G1)
Segundo Osmário Salles, chefe do setor de endocrinologia do Hospital Geral Roberto Santos, a síndrome que o jovem possui é rara e pode ser identificada enquanto o feto ainda está na barriga da mãe. "Os obesos tem uma causa endócrina ou uma causa genética para a sua obesidade. O nosso paciente tem a principal síndrome da obesidade associado à genética. Se fizer o ultrassom, são aqueles fetos com pezinho pequeno, mãozinha pequena. Quando nasce, é uma criança extremamente hipotônica, com fraqueza, com dificuldade em sugar o seio da mãe", explicou.
Entre os dois e três anos, a criança começa a apresentar apetite excessivo por conta da doença e passa a engordar de maneira acelerada. "Elas não param de comer. Além disso, ela tem uma fraqueza muscular intensa. Essas crianças desenvolvem atrofia muscular muito grande, osteoporose, má formação esquelética, baixo QI [quociente de inteligência]. Esses pacientes dificilmente passam dos 40 anos", apontou.
saiba mais
Francisco Júnior tem estado todo o tempo no hospital deitado em um dos leitos da unidade e conta com a ajuda de seis funcionários para passar pelo procedimento de higienização, de acordo informou Osmário Salles. As pessoas com esse quadro dificilmente conseguem ter uma vida normal, informou o médico.- Jovem baiano de 280 kg deixa UTI e é transferido para quarto de hospital
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"Não pode engordar, porque depois que engordar é extremamente difícil fazer perder peso. A obesidade é considerada a doença mais difícil da medicina. É a doença que mais mata. É um problema muito sério, associado a problemas cardiovasculares. O sistema de saúde e o governo deveriam intervir de forma mais pesada porque nós temos uma epidemia no mundo", avaliou.
A condução do tratamento de Francisco Júnior é complicada para o próprio hospital. "Nós estamos em situação extremamente difícil. É aquela situação em que, se a gente fizer nada, ele vai morrer. Se a gente tentar fazer as coisas, a chance de óbito também é grande", disse.
Transferência
Francisco Araújo chegou no Hospital Geral Roberto Santos no dia 22 de novembro, após ser transferido do Hospital Regional de Serrinha, no interior da Bahia. Para deixar a unidade em Serrinha, foi preciso a ajuda de 12 pessoas para colocá-lo em uma UTI móvel disponibilizada pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). Ao chegar no hospital da capital baiana, cerca de 15 maqueiros da unidade fizeram a retirada do paciente da ambulância.

Francisco Júnior estava internado no Hospital Regional de Serrinha desde o dia 11 de novembro. Ele sofre com a obesidade desde a infância, mas segundo a família, nos últimos anos a situação piorou.
A história
A mãe de Francisco, Maria Aurizete, conta que ele começou a engordar aos nove anos de idade. "Até aí era tudo normal. Ele começou a engordar como todas as crianças, mas aos 12 anos ele já era muito gordo, muito mais do que os colegas. Eu achei tudo isso estranho porque quando pequenino ele era muito magrinho, ninguém nem esperava vida nele. Ele não tinha força nem para puxar o leite", disse.

Roberto Santos (Foto: Ruan Melo/G1)
A mãe conta que não tem condições financeiras para pagar o tratamento adequado para o filho. "Eu nunca abandonei ele. Eu não tenho dinheiro para poder arcar com esse tratamento. Eu vendo roupa que minha irmã faz. Eu recebo um auxílio porque minha outra filha tem problemas, ela tem depressão, mas eu não tenho dinheiro para comprar remédios e o município não dá", afirmou.
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